Pra começo de conversa...
- Raigil Rosas
- 1 de abr. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jan.
O diário de uma professora e artesã que ainda sonha mudar o mundo.

Quem me vê assim "feliz" não imagina o quanto de dor uma pessoa é capaz de suportar, e ainda assim insistir na felicidade.
Somos capazes de fazer a diferença e, inúmeras vezes, desistimos no primeiro obstáculo. Eu já desisti! Gente, sou uma pessoa! Sou capaz de sentir emoções, e também assumir o que sugere minha consciência, a tal da razão. Mas, por qual motivo estou dizendo isso? Simples... amo o que faço, só não compartilho com o sistema que o gerencia.
Imagina que estamos no século XXI. Isso mesmo! No século XXI. Não é difícil, né?! (Pegadinha \o/) Hoje é o século XXI (2001 até 2100). O problema é que nosso cérebro demora de raciocinar porque fomos educados formalmente para o cumprimento de um currículo repleto de conteúdo sem a sua devida aplicabilidade. Eu, por exemplo, sou da época na qual se respondiam avaliações após decorar a diferença entre os números cardinais, ordinais, fracionais e romanos – quando falo diferença, entenda ‘1’, ‘1º’, ‘1/2’, ‘I’. Outra situação constrangedora, era a diferença entre substantivos abstratos e concretos. Vocês sabem? Eu sei! Aprendi ao discutir signo, significante e significado. (Já sei, estou falando grego para vocês.) Então, o substantivo abstrato é aquele cuja imagem é impossível de ser gerada, como ‘amor’ que sentimos e entendemos, porém não visualizamos a palavra, somente a sua sensação representativa; diferente de ‘diabo’, todo mundo tem a sua concepção.
Isso quer dizer o seguinte: ser professor é contribuir para que haja a compreensão da pessoa do/no mundo. Ou seja, oportunizar um aprendizado de (re)descobertas relacionadas ao cotidiano de cada aprendiz. Pois, uma vez que sou do mundo - pertencente a um grupo social, inserido em uma cadeia alimentar, ou semelhante a tantas outras pessoas - e estou no mundo – localizado neste lugar, cumprindo estas obrigações, usufruindo de privilégios – nada mais justo que compreender a sua forma de interação. Na Língua Portuguesa, matéria que leciono, seria o mesmo que entender como a língua materna funciona para usá-la em favor próprio e coletivo; digamos que ao aprender a argumentar, desenvolve-se a capacidade de encadear as ‘verdades’ de maneira consistente e persuasiva através do uso adequado de conectores (não é à toa que uma das competências avaliadas pelo ENEM está dirigida a eles) e da apresentação de mecanismos ilustrativos relacionados com o que se pretende convencer o outro.
Tá pensando que é fácil? Não mesmo! Quando fiz Magistério (Isso mesmo. Sou normalista, tá?), estudei duas pessoas que foram importantes para a minha atual crítica à educação formal, o primeiro deles foi Jean Piaget; e o outro, Paulo Freire. Precisava, para ser Professora, compreender as etapas da vida de um ser humano, como ocorria a sua interação com o mundo e quais situações beneficiariam o aprender, e Piaget ajudou bastante com sua epistemologia genética. Também, havia uma concepção de que se tratava de “um processo de vida e não a preparação de uma vida futura”, como diria John Dewey ao propor a Pedagogia de Projetos, bem instituída no Brasil por Freire, que aqui chamou de Pedagogia da Autonomia e ganhou características próprias diante da necessidade de se alfabetizar adultos, naquela época na Educação de Jovens e Adultos.
O problema, minha gente, é que nem tudo são flores. Entre as rosas existem espinhos que machucam, além de apropriação do perfume que elas exalam (fui poética aqui ´\o/`). Como a formação de professores está isolada da realidade de sua aplicação, ou, o que se aprende durante a formação de professores não é possível de ser realizado em sala de aula, existe uma discrepância entre o que se deseja nos documentos oficiais que regem a educação e o que se desenvolve nas escolas. Primeiro, porque os estudantes querem o que é fácil, o tal modelo; depois, os responsáveis exigem resultados que não contribuem para que se efetivem; também, a falta de interação entre o coletivo pedagógico.
Finalmente, ser professora e artesã nos dias de hoje é muito difícil. Sinceramente, inúmeras vezes é frustrante. Somente que às vezes isso funciona e o sonho sai do papel. Estou cansada, mas sigo adiante. Até porque tem outras figuras que idealizam um presente diferente do que está posto aí, e elas labutam pela mudança, assim como eu.
Palavras-chaves: Educação. Magistério. Pedagogia. Professora.
Que felicidade!